segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Eu e o mar


Diante do mar eu me sinto melhor. Eu me reinvento. Especialmente estando sozinho diante do mar. Ao mar não se deve dar as costas. Eu gosto de ver o mar de frente, como se fosse um navegador em busca de mim mesmo. Diante do mar eu penso muito nas coisas, eu que não tenho mais pensamentos. Diante do mar eu ouço todas as coisas, eu que não ouço mais nada. Diante do mar eu falo todas as palavras, eu que não falo mais. Diante do mar eu vejo tudo e o que não vejo eu adivinho, exatamente eu que que não sei mais ver. Estou diante do mar, equivale dizer que estou diante de mim. Às vezes fico triste, diante do mar. Mas é uma tristeza que me faz bem. Uma tristeza que me faz pensar que ainda tenho um alma. Diante do mar eu costumo chorar, mas é uma lágrima que me faz bem, porque me mostra que é possível amar as coisas com um amor desconhecido, sem interesse algum. Diante do mar eu converso com as gaivotas e elas me dizem segredos que guardo dentro de mim para sempre. Diante do mar eu me sinto melhor. Diante do mar eu esqueço de tudo. Diante do mar a ferida se fecha. Diante do mar o soluço deixa de existir na minha boca. Diante do mar eu escrevo até cartas de amor para ninguém. Diante do mar eu sou capaz de dizer que me sinto feliz.








 Robson Silva.

Um comentário:

  1. "...O amor romântico diz que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
    Estamos começando a perceber que nos sentimos fração, mas somos inteiros.
    A nova forma de amor quer a aproximação de dois inteiros e não a união de duas metades.
    Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força.
    Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo.
    Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
    O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável."

    (Acredito que seja de Flávio Gikovate)

    Bj

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