quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Espelho


Eis o espelho vazio. Há pouco via nele meu rosto com algumas cicatrizes, mas meu rosto desapaceu. Entro então no espelho e vivo tudo do outro lado de mim, como se no avesso, a procurar-me especialnente onde não existe mais nada. Eis o espelho vazio. Eis a face vazia. Eis os dedos a apontar para direção nenhuma. Eis o espelho vazio, onde perdi minha imagem. Tornei-me invisível dentro de mim mesmo, diante de um espelho que me observa os movimentos e me faz calar as últimas palavras que achei pelas ruas e em alguns livros que permanecem mortos nas estantes. Eis o espelho vazio, o olhar que se perdeu, um calendário que passa ao contrário, com os dias sempre contados para trás. Eis o espelho vazio, onde permaneço sem palavras. As palavras também saltam ao contrário. E nesse universo do outro lado de mim, deixo silenciar todo sentimento, que não serve mais.










Robson Silva.

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